A REPÚBLICA DIVIDE A NAÇÃO. SEM MONARQUIA, NÃO HÁ UNIÃO NACIONAL

Publicado em 15/11/2022 às 12:00:32

 

Ano após ano, o calendário oficial marca como feriado nacional o dia 15 de novembro como “Proclamação da República”. A data estaria melhor descrita como “Golpe Republicano” ou “Quartelada de 1889”. Afinal, como se sabe, não houve nenhuma proclamação.

O mais próximo de uma proclamação que ocorreu naquele dia fatídico foi uma reduzida cerimônia na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, ao fim da tarde, na qual se reuniram cerca de meia dúzia de jornalistas e intelectuais.

Assim se fez a República: por meio do golpe liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca e o pequeno destacamento do Exército que o apoiava, somados a um reduzido número de republicanos e progressistas. O novo regime foi imposto pela minoria revoltosa, enquanto o povo assistia a tudo aquilo “bestializado”, nas célebres palavras do jornalista Aristides Lobo.

Desde então, abolida a Monarquia, o Brasil se arrasta em meio à instabilidade, em um repetitivo ciclo de golpes de Estado e governos antidemocráticos, com restrições a direitos fundamentais e perseguições de inimigos políticos, intercalados com períodos de ordem constitucional e regime democrático. Tornou-se o País do futuro… que nunca chega!

Pois bem. Neste 15 de novembro, passados 133 anos desde a mudança abrupta dos rumos nacionais, cabe a pergunta: que República é esta, esvaziada dos ditos “valores republicanos”? Que República é esta, onde reinam a corrupção, o descaso com a coisa pública, as infidelidades de todo gênero, a oligarquia e a demagogia? De que valeu a República? É o que se deveria perguntar, com toda a sinceridade, neste dia.

Poucas semanas depois da eleição presidencial mais polarizada de nossa época, vemos a divisão provocada em nossa sociedade. Meses de campanha intensamente difamatória, envolvendo ataques pessoais e alegações mútuas de uso de “fake news” em uma verdadeira guerra de narrativas. Após o pleito, eleito o “novo” Presidente da República para cumprir mandato de quatro anos, ninguém ousaria dizer que – apesar de concentrar em sua figura a Chefia de Estado e de Governo – ele seja o representante reconhecido por todos os brasileiros. Não. O que se vê é um País chagado, profundamente ferido por desavenças causadas por visões ideológicas distintas e até mesmo diametralmente opostas.

Terminada a batalha eleitoral, no dia seguinte, temos diante de nós uma Nação dividida. Isso se constata facilmente no próprio resultado das urnas, na apertada diferença de votos entre o vencedor e o derrotado.

Na Monarquia, tínhamos um Chefe de Estado acima de todas as querelas da política cotidiana, apartado das disputas partidárias e verdadeiramente capaz de representar e se ocupar do povo brasileiro em toda a sua pluralidade, visando o bem comum e sem ter que se preocupar com as próximas eleições. Perdemos isso. Fomos forçados a substituir a unidade pela divisão, a estabilidade pela instabilidade crônica e a continuidade pela insistente prática do novo governo de desfazer o trabalho do seu antecessor imediato.

Afastadas essas travas, que tanto marcaram o longo período republicano, e Restaurada a Monarquia, certamente o Brasil chegará muito mais longe de onde se encontra agora, finalmente podendo avançar rumo ao progresso verdadeiro, sem ser atrasado pela sequência de avanços e retrocessos característicos de nossa República.

Para concluir, oportuno rememorar a tão famosa frase do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil: “Não há um brasileiro que diga de boca cheia que a República deu certo.”