D. Maria Elisabeth

DONA MARIA ELISABETH DA BAVIERA

A Princesa Maria Elisabeth Franziska Josepha Therese da Baviera nasceu no dia 9 de setembro de 1914, no Castelo de Nymphenburg, em Munique, a capital do Reino da Baviera, parte do Império Alemão, sendo a segunda filha e varoa primogênita do Príncipe Franz da Baviera (1875-1957), terceiro filho do último soberano da Baviera, o Rei Ludwig III (1847-1921), e de sua esposa, a Princesa Isabelle de Croÿ (1890-1982).

Tendo nascido durante a Primeira Guerra Mundial teve sua infância e adolescência marcadas por turbulências, tendo que partir para o exílio na Hungria em 1918, com a deposição de seu avô. A princesa e sua família somente puderam retornar na década de 1930.

Casou-se em 1937 com o Chefe da Casa Imperial do Brasil, o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, tendo pouco tempo depois dominado o português e, como diziam, “vivido como uma brasileira”, mesmo no exílio.  Logo após o casamento o casal visitou o Papa XXX

Durante o exílio, ao lado do marido, fixou residência no Mas-Saint-Louis, propriedade de sua sogra em Mandelieu, no sul da França. Logo o Chefe da Casa Imperial começou a planejar o retorno definitivo de sua Família ao Brasil, contudo, uma série de acontecimentos – dentre os quais a sua gravidez e a eclosão da Segunda Guerra Mundial – acabou por retardar o tão aguardado retorno.

Somente com o fim da guerra a Princesa com seu marido e os filhos nascidos no exíliom mas registrados como brasileiros, desembarcaram no Brasil, aqui fixando residência, inicialmente no Rio de Janeiro e, posteriormente, na Fazenda São José, na cidade de Jacarezinho, no norte do Paraná. Lá criou e educou seus doze filhos e filhas, administrava a casa e ainda encontrava tempo para se dedicar, cumprindo com seu dever enquanto católica, a catequizar as crianças colonas, chegando até a compor um catecismo popular, intitulado ‘Miche de Pain’ (Pedaço de Pão, em francês), cujo seu grande sonho era ver publicado.

Em 1965, a Família Imperial do Brasil mudou de Jacarezinho para o Sítio Santa Maria, em Vassouras, no Rio de Janeiro, para estarem mais próximos da vida política dos centros urbanos; onde, também, poderá oferecer uma formação superior e de mais qualidade para os filhos,

O Chefe da Casa Imperial era exímio aquarelista, alcançando renome e sendo até eleito para um assento na Academia Brasileira de Belas Artes. No Sítio Santa Maria, Sua Alteza Imperial e Real e a Princesa Consorte passavam horas, juntos, em seu ateliê, criando belas aquarelas e porcelanas decoradas, chegando a vender algumas de suas obras de arte, nos momentos de maior aperto financeiro.

Anos depois, lamentavelmente, a saúde do Chefe da Casa Imperial começava a decair. Em fins de junho de 1981, Sua Alteza Imperial e Real estava se recuperando, relativamente bem, de uma crise de hepatite, quando foi acometido por uma forte infecção pulmonar, levando-o a ser internado no Hospital Eufrásia Teixeira Leite, em Vassouras. De constituição forte, o Chefe da Casa Imperial parecia estar se recuperando, quando, de repente, uma crise aguda de enfisema pulmonar o matou, no dia 5 de julho. No momento de seu falecimento, Sua Alteza Imperial e Real estava assistido pela Princesa Consorte, sua fiel companheira de quase quarenta e quatro anos.

Como primogênito, o Príncipe Imperial Dom Luiz sucedeu seu pai como Chefe da Casa da Casa Imperial. Como Sua Alteza Imperial e Real não tem descendentes, e devido à renúncia do Príncipe Dom Eudes, o Príncipe Dom Bertrand assumiu a posição de herdeiro presuntivo de seu irmão mais velho, tornando-se então o Príncipe Imperial do Brasil. Simultaneamente, a Princesa Consorte Dona Maria Elisabeth passou a ser intitulada Sua Alteza Imperial e Real a Princesa Mãe do Brasil.

Após a viuvez, Sua Alteza Imperial e Real passou a residir em um apartamento na Rua Custódio Serrão, no Rio de Janeiro, com seus filhos mais novos. A Princesa Consorte, sempre muito dedicada à caridade, era voluntária da ONG o Sol, dando aulas de pintura a moradores de comunidades carentes, para onde ia pegando ônibus. Em 1991, durante Sessão Solene da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, a Princesa Mãe recebeu o título de Cidadã Honorária da Cidade.

Na velhice, a Princesa Mãe dividia seu tempo entre as atividades no Rio de Janeiro, o Sítio Santa Maria – onde desfrutava da companhia de seus vinte e nove netos – e a Europa – onde visitava suas filhas, a Princesa de Ligne e a Princesa Dona Maria Thereza, além de seus irmãos e demais parentes; quando ia a Bruxelas, Sua Alteza Imperial e Real passava várias tardes no Castelo Real de Leaken, tomando chá com sua boa amiga, a Rainha Fabiola da Bélgica (1928-2014). A Princesa Mãe também sempre participava de eventos oficiais e sociais de grande relevo, no Rio de Janeiro, e ocasiões ligadas ao Movimento Monarquista.

Devido à fragilidade natural da idade avançada, Sua Alteza Imperial e Real passou seus últimos cinco anos de vida sem sair de casa. Sob os cuidados de enfermeiras, a Princesa Mãe lia muito, sempre em alemão, tricotava e assistia a DVDs de ópera e balé. No apartamento da Rua Custódio Serrão, Sua Alteza Imperial e Real vivia junto à sua filha mais velha, a Princesa Dona Isabel, e aos seus netos, o Príncipe Dom Rafael e as Princesas Dona Amélia e Dona Maria Gabriela – filhos do Príncipe Dom Antonio e da Princesa Dona Christine, residentes em Petrópolis – que faziam seus estudos universitários na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

A Princesa Mãe do Brasil faleceu aos noventa e seis anos de idade, às treze horas da sexta-feira, dia 13 de maio de 2011 – o 123º aniversário da assinatura da Lei Áurea pela avó paterna de seu marido, a Princesa Dona Isabel (1846-1921), a Redentora. Sua Alteza Imperial e Real estava confortada em sua fé, tendo recebido a Extrema-Unção e a bênção do Papa Bento XVI, seu conterrâneo.