D. Luiz Maria

DOM LUIZ DE ORLEANS E BRAGANÇA, O PRÍNCIPE PERFEITO

O Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, avô e homônimo do atual Chefe da Casa Imperial do Brasil, nasceu no Palácio Isabel, em Petrópolis, em 26 de janeiro de 1878, segundo filho da Princesa Imperial do Brasil Dona Isabel e do Príncipe Gastão de Orléans, Conde d’Eu.

Dom Luiz foi aluno aplicado e brilhante, demonstrando desde cedo muita aptidão para as Letras. Após a proclamação da República, em 1889, seguiu com a Família Imperial ao exílio. Terminou os estudos secundários na França e, com 17 anos incompletos, ingressou na Academia Militar de Wiener Neustadt, no Império Austro-Húngaro.

Dom Luiz desenvolveu uma atividade política, social, esportiva e literária muito intensa. Escalou o Mont Blanc em 1896, realizou viagens pela África, pela Ásia Central e Índia, e pelos Estados Unidos. Publicou uma série de livros de viagem, com análises políticas, sociológicas e históricas muito apreciadas na época. Publicou Dans les Alpes (1901) e Tour d’Afrique (1902), livros que lhe renderam o ingresso no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Publicou ainda À travers l’Indo-Kush (1906), livro premiado pela Academia Francesa e pela Societé de Geographie de France.

Em maio de 1907 viaja para o Brasil. Ao chegar à sua Pátria, porém, foi impedido pelas autoridades de desembarcar, o que demonstrou a insegurança em que se sentia a República brasileira, 18 anos após sua proclamação. A viagem de Dom Luiz representou um grande sucesso, para a propaganda monarquista, e causou grande alvoroço na capital. A chegada do Príncipe foi amplamente noticiada, milhares de monarquistas e curiosos foram até o cais para receber o neto de Dom Pedro II.

O Príncipe sensibilizou a sua mãe, a Princesa Dona Isabel, enviando-lhe um telegrama da Baía de Guanabara no dia 13 de maio, comemoração da Lei Áurea. Retornando à França, Dom Luiz escreveu sua  obra principal, o livro Sous la Croix-du-Sud (Sob o Cruzeiro do Sul), publicado inicialmente em francês e logo depois em português, com sucessivas edições.

Luiz tornou-se Príncipe Imperial do Brasil em 1908, com a renúncia de seu irmão mais velho, e logo após casou com a Princesa Dona Maria Pia de Bourbon-Sicílias, filha de Dom Afonso de Bourbon-Sicílias, Conde de Caserta, filho do Rei Fernando II e Chefe da Casa Real de Nápoles. O casal gerou três herdeiros, Dom Pedro Henrique (1909-1981), Dom Luiz Gastão (1911-1931), que faleceu jovem e sem deixar herdeiros, e Dona Pia Maria (1913), futura Condessa René de Nicolay.

Como Príncipe Imperial teve sucesso em ações para retomar a campanha da causa monárquica, causando furor inclusive no Congresso Nacional quando publicou seus manifestos em 1909 e 1913. O “Príncipe Perfeito”, como foi alcunhado, defendia como ativista o federalismo, o serviço militar obrigatório e uma melhoria na qualidade de vida dos operários.

Impedido de lutar no Exército Francês durante a Primeira Guerra Mundial, assim como seu irmão mais novo Dom Antônio, alistou-se em 1914 como voluntário no Exército Britânico, lutando bravamente até 1915 na frente das Flandres, mas contraiu um tipo agressivo de reumatismo ósseo que o deixou em estado grave, debilitado e incapaz de andar. Precisou ser afastado do serviço ativo e, nos cinco anos seguintes, somente conseguia se locomover por meio de uma cadeira de rodas que ele pedalava para não imobilizar por completo suas articulações.

Já fraco e com friagem após o inverno de 1920, o Príncipe Imperial faleceu precocemente de uma congestão pulmonar em 26 de março de 1920 na Vila Maria Teresa, residência de seus sogros, em Cannes. Quem lhe sucedeu como Príncipe Imperial do Brasil foi seu filho mais velho, o Príncipe do Grão-Pará, Dom Pedro Henrique, então com apenas onze anos.

Por sua bravura nos campos de batalha o Príncipe Imperial recebeu Medalha Militar do Yser, pelo Rei Alberto I da Bélgica, a Legião de Honra, no grau de cavaleiro e a Cruz de Guerra, pelo governo francês e pelo Reino Unido a British War Medal e a Victory Medal e Star.