Gastão de Orleans

PRÍNCIPE GASTÃO DE ORLEANS, CONDE D’EU

O Príncipe Gastão de Orleans, bisavô de Dom Luiz, Chefe da Casa Imperial do Brasil, nasceu em 28 de abril de 1842, em Paris. Foi o primogênito dos três filhos do Príncipe Luís de Orleans, Duque de Nemours, e de sua esposa, a Princesa Vitória de Saxe-Coburgo-Gotha. O Príncipe Gastão era, portanto, neto paterno do Rei Luís-Filipe, dos Franceses (1773-1850), e, por sua mãe, era parente da Rainha Vitória, do Reino Unido (1819-1901) e descendente dos Duques de Saxe, cuja linhagem se espalhou pela maioria das Casas Régias da Europa.

Como membro da Família Real Francesa, o Príncipe Gastão pertencia à Casa de Orleans, ramo mais novo da Casa de Bourbon, a qual, por sua vez, integrava a Dinastia Capetíngia, constituída pelos descendentes de Hugo Capeto, proclamado Rei dos Francos no ano de 987. Quando o Rei Luís Filipe viu seu neto recém-nascido, exclamou “Temos um Conde d’Eu!”, conferindo, assim, este título ao infante.

Em 1848, com a queda da Monarquia na França, aos seis anos de idade incompletos, o Conde d’Eu seguiu, com sua família, para o exílio no Reino Unido, onde a Rainha Vitória lhes havia concedido uma residência em Claremont.

Aos treze anos de idade, ingressou na Academia Militar de Segóvia, na Espanha, concluindo o curso com a patente de Capitão. Após ter participado, com louvor, de  diversas batalhas no Marrocos, o Conde d’Eu retornou à Espanha como herói de guerra e portador de diversas honrarias militares.

Em 1864, sua tia paterna, a Princesa de Joinville, nascida Princesa Dona Francisca do Brasil, sugeriu que ele desposasse a Princesa Dona Leopoldina, a filha mais nova do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Dona Teresa Cristina. Naquele mesmo ano, acompanhado por seu primo-irmão, o Príncipe Augusto de Saxe-Coburgo-Gotha, – que havia sido indicado para desposar a filha mais velha do Imperador, a Princesa Imperial Dona Isabel –, partiu rumo ao Rio de Janeiro.

Contudo, após a chegada dos Príncipes ao Brasil, os jovens decidiram de comum acordo trocar os pares Janeiro, casando o Conde d’Eu com a Princesa Isabel e seu primo com Dona Leopoldina.

O Conde d´eu e a Princesa Imperial do Brasil tiveram três filhos:

  • Dom Pedro de Alcântara (1875-1940), inicialmente intitulado Príncipe do Grão-Pará e mais tarde, após o falecimento do Imperador, Príncipe Imperial do Brasil. Renunciou aos seus direitos dinásticos e sucessórios, por si e por sua descendência, em 1908. Desposou, no mesmo ano, a Condessa Elisabeth Dobrzensky de Dobrzenicz (1875-1951), com descendência.
  • Dom Luiz (1878-1920), Príncipe Imperial do Brasil após a renúncia de seu irmão mais velho. Desposou, em 1908, a Princesa Dona Maria Pia de Bourbon-Sicílias (1878-1973). Com descendência.
  • Dom Antonio (1881-1918).

Enquanto a Princesa Imperial e o Conde d’Eu estavam em viagem de núpcias pela Europa, o Paraguai – governado pelo ditador Solano López – atacou e invadiu território brasileiro, dando início à Guerra do Paraguai. Imediatamente, o Conde retornou ao Brasil, onde se juntou ao Imperador e partiu para Uruguaiana, então em poder de tropas paraguaias, seguindo o antigo princípio de que os Príncipes cristãos devem ser os primeiros a entrar no campo de batalha. Sempre demonstrando grande interesse em servir ao Brasil, foi promovido a Comandante Geral de Artilharia e Presidente da Comissão de Melhoramentos do Exército. Em 22 de março de 1869, foi nomeado para substituir Caxias na condição de Comandante-Chefe dos Exércitos Aliados – Brasil, Argentina e Uruguai. A nomeação do jovem esposo da herdeira do Trono para generalíssimo alegrou enormemente a população brasileira.

Com o fim do conflito, em 1870, o Conde d’Eu, abolicionista convicto, decretou, com a permissão do Imperador, o fim da escravidão no Paraguai. Retornando ao Rio de Janeiro, foi recebido, como herói nacional, com grandes festejos. Livre de suas obrigações militares, o Conde d’Eu passou a ser dedicar exclusivamente ao seu papel de consorte da futura Imperatriz do Brasil. Visitou quase todas as Províncias do Império, além de ter se dedicado a diversas causas filantrópicas, fundando escolas, bibliotecas e orfanatos. Aonde ia, Gastão de Orleans era recebido com grande alegria pelo povo, apesar da intensa campanha de difamação movida, contra ele, pela imprensa republicana que gozava da mais ampla liberdade de ação.

Com a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, o Conde d’Eu partiu, com sua esposa, filhos, sogros e sobrinho, para o exílio na Europa. Com o falecimento do Imperador, em 1891, a Princesa Imperial se tornou a Chefe da Casa Imperial do Brasil, e o Conde se tornou o seu Príncipe Consorte. As residências do Casal Imperial – o Palacete de Boulogne-sur-Seine, em Paris, e o Castelo d’Eu, na Normandia – eram “embaixadas informais” do Brasil, onde brasileiros viajando pela Europa sempre eram bem recebidos. O Conde d’Eu também passou a se dedicar à educação de seus filhos, preparando-os para o serviço ao Brasil. Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, já idoso, juntou-se ao Corpo de Voluntários, auxiliando, na França, as tropas Aliadas, no que incluía primeiros socorros e patrulhar ruas.

Em 1920, foi revogada a Lei do Banimento, que impedia a Família Imperial de adentrar território brasileiro. No ano seguinte, cheio de alegria e emoção, o Conde d’Eu retornou ao Brasil, escoltando os restos mortais do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Dona Teresa Cristina, que seriam sepultados em solo pátrio. Na ocasião, Gastão de Orleans foi homenageado na Vila Militar, no Rio de Janeiro, na presença do então Ministro da Guerra, Pandiá Calógeras, e pôde revisitar os locais onde vivera e as praias onde cavalgava com seus filhos.

Gastão de Orleans, Conde d’Eu, mesmo com saúde precária, abalado pela viuvez e pela morte dos filhos, o Príncipe Antônio e o Príncipe Imperial Dom Luiz, empreendeu outra viagem ao Brasil, para participar do Centenário da Independência e para apresentar o seu neto Dom Pedro Henrique, o Chefe da Casa Imperial do Brasil, então com 12 anos, ao Povo Brasileiro.

Conta-se que seu médico não ousou proibir a viagem dado entusiasmo do Conde d’Eu, cuja proibição causar-lhe-ia mais mal do que bem.

A bordo do navio Massília, com o neto Dom Pedro Henrique e a nora Dona Maria Pia, o Conde d’Eu faleceu dois dias antes do desembarque, em 29 de agosto de 1922.

Seu corpo foi desembarcado no dia 31 e ficou exposto na Igreja da Santa Cruz dos Militares. Uma multidão prestou as últimas homenagens a Gastão de Orléans e enviou mensagens de simpatia à Família Imperial, hospedada no Hotel Glória. Seu corpo foi levado para a Capela Real de Dreux para descansar ao lado de seus familiares. Na década de 1970 foi trasladado, junto com os despojos da Princesa Isabel, à Catedral de Petrópolis.