Dom Pedro II

DOM PEDRO II

O Príncipe Dom Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança foi o sétimo filho do Imperador Dom Pedro I do Brasil com sua primeira esposa, a Imperatriz Dona Leopoldina, Arquiduquesa da Áustria. Desde seu nascimento, em 2 de Dezembro de 1825, foi titulado Príncipe Imperial do Brasil, como Herdeiro imediato do Trono do Império do Brasil.

No dia 8 de abril de 1831, Dom Pedro I abdicou do Trono brasileiro e partiu para Portugal, para restaurar sua filha Dona Maria II no Trono de Portugal, dando início à Guerra Civil contra o seu irmão, o Rei Dom Miguel I. Com a abdicação paterna, o Príncipe Imperial tornou-se, aos cinco anos de idade, o Imperador D. Pedro II do Brasil. Ainda de menor idade, a Assembleia Geral estabeleceu uma Regência, que deveria atuar em nome do Imperador até o dia 2 de dezembro de 1843, quando completasse dezoito anos.

O jovem Imperador recebeu esmerada educação, inicialmente pelo Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, sendo substituído pelo futuro Marquês de Itanhaém, Manuel Inácio de Andrade Souto Maior Pinto Coelho, e pela futura Condessa de Belmonte, D. Mariana Carlota de Verna Magalhães Coutinho.

Em junho de 1849, devido à instabilidade política do período regencial e sentindo a necessidade da figura imparcial do Imperador para garantir a unidade nacional, a Assembleia Geral antecipou a maioridade de Dom Pedro II, com apenas catorze anos. A solene coroação foi realizada um ano depois, em 18 de julho de 1841.

Em 30 de maio de 1843, o Imperador do Brasil, aos dezessete anos de idade, desposou, por procuração, a jovem Princesa Teresa Cristina de Bourbon-Sicílias, irmã do Rei Ferdinando II das Duas Sicílias. A Imperatriz Teresa Cristina desembarcou na capital do Império mais tarde naquele ano, em 3 de setembro, com grande festa. A união gerou dois filhos e duas filhas, das quais somente as Princesas Isabel e Leopoldina atingiram a idade adulta.

O jovem Dom Pedro II aplicou-se inteiramente nos negócios de Estado. O cumprimento fiel à Constituição Imperial de 1824 e a imparcialidade do Imperador pacificaram a nação, garantindo sua unidade. Dom Pedro, em 1850, realizou uma série de viagens diplomáticas às províncias do Império. Optando sempre e sabiamente pela moderação de seus poderes, o Imperador decretou em 1847 a criação do cargo Presidente do Conselho de Ministros, o chefe de governo, assegurando mais representatividade do governo e sua imparcialidade.

Durante o Segundo Reinado o Império prosperou como nunca antes. Naquele período, gozou de uma forte economia, com a introdução das mais novas tecnologias e o empreendedorismo, com crescente indústria e grande produção rural.  As instabilidades políticas provinham apenas das relações com os vizinhos da região do Prata. Em 1850 as forças imperiais lutaram contra Rosas e Oribe, em 1864 contra Rosas, e finalmente, em 1865, a Tríplice Aliança constituída pelo Império do Brasil com as Repúblicas da Argentina e Uruguai lutou contra o Paraguai, que havia invadido os territórios do Brasil e da Argentina. Depois de uma prolongada e sangrenta guerra, afinal, em 1870, alcançou-se a vitória.

Com a unidade nacional e a pacificação das relações exteriores, o Imperador Dom Pedro II, já maduro e herói nacional realizou duas grandes viagens pelo mundo, visitando a América do Norte, a Europa, o Oriente Médio e o norte da África. Durante essas viagens, realizadas em caráter particular e pagas com o próprio dinheiro do Imperador, Dom Pedro II sempre foi tratado com grande respeito, sendo celebrado por onde passava. Do exterior, o Imperador importou as mais novas tecnologias e inovações para seu próspero Império, sendo o Brasil o segundo país do mundo a ter uma rede telefônica, o segundo a usar selos postais. Contatou e manteve longa amizade com inúmeros cientistas, escritores, filósofos, compositores, políticos e com seus parentes das Casas Reais Europeias.

Durante as viagens de Dom Pedro II, ficou como Regente do Império sua filha Dona Isabel, Princesa Imperial do Brasil. Esses períodos serviram para o amadurecimento político da herdeira do Trono, que resolveu difíceis situações políticas, entre elas promulgando em 1871 a Lei do Ventre Livre e, na terceira viagem de seu pai à Europa, entre 1887 e 1888, desta vez para se tratar de seu adoecimento, promulgando Lei Áurea, que libertou os últimos escravos que ainda havia no Brasil.

Pouco mais de um ano após o seu retorno, o Imperador Dom Pedro II foi deposto por uma quartelada no dia 15 de novembro de 1889, que inicialmente visava a troca do Gabinete Ministerial presidido pelo Visconde de Ouro Preto. Declarada a República, formou-se um governo provisório que deu 24 horas para a Família Imperial deixar o Brasil. Partindo para o exílio, o Imperador banido chegou em Lisboa no dia 7 de dezembro.

Tomando residência em um pequeno hotel no Porto, lá faleceu a Imperatriz, no dia 28 de dezembro. Dom Pedro II partiu então para Paris, onde fixou residência, vivendo modestamente e dedicando-se a seus estudos e a visitas a entidades culturais. Faleceu a 2 de dezembro de 1891, no Hotel Bedford, de Paris, pobre e endividado, por não ter querido aceitar a compensação pecuniária oferecida fora das praxes legais pelas autoridades republicanas brasileiras.

A República Francesa proporcionou a Dom Pedro II um sepultamento solene, com todas as honras de Chefe de Estado, com seu féretro sendo acompanhado por milhares de pessoas. De Paris o corpo foi transladado para Lisboa, e depositados no convento de São Vicente de Fora, junto aos da Imperatriz falecida dois anos antes. Revogada a Lei do Banimento em 1920, para a comemoração do centenário da Independência, os restos mortais do casal foram transladados, para o Rio de Janeiro. Desde 1925 estão depositados na Catedral de Petrópolis.