Dom Pedro I

IMPERADOR D. PEDRO I DO BRASIL

O Infante D. Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon nasceu no Palácio de Queluz, Portugal, no dia 12 de outubro de 1798, sendo filho do então Príncipe Regente D. João, futuro D. João VI de Portugal, e da Infanta da Espanha D. Carlota Joaquina de Bourbon.

Quando D. Pedro tinha 9 anos, em novembro de 1807, devido à ameaça da invasão de Portugal por tropas napoleônicas, a Família Real portuguesa e toda a Corte se transferiu para o Rio de Janeiro, após longo período de preparação.

O Príncipe recebeu esmerada educação clássica, completada não formalmente devido aos acontecimentos políticos, mas por ser um bom autodidata. Sabia tocar piano, flauta, fagote, trombone, violino, clarinete, violão, lundu e cravo, e desempenhava com destreza a pintura, litografia e escultura. Eram também notáveis suas habilidades braçais como marceneiro e mecânico. Suas grandes paixões, além das artes, eram a equitação e a caça.

Com o falecimento da avó, a Rainha D. Maria I, e a aclamação de seu pai, D. João VI, como Rei de Portugal, D. Pedro ascendeu, em 1816, a Príncipe Real do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e portanto herdeiro direto ao trono.

Em 5 de novembro de 1817 casou-se, após várias negociações diplomáticas, com a Arquiduquesa da Áustria D. Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena, filha do Imperador Francisco I e da Imperatriz Maria Teresa de Bourbon-Sicílias. Desta união nasceram três varões — somente o futuro Imperador D. Pedro II chegou à idade adulta –, e quatro filhas (uma faleceu quando criança): a Rainha D. Maria II de Portugal, a Princesa Januária do Brasil, Condessa d’Áquila por casamento, e a Princesa D. Francisca do Brasil, Princesa de Joinville por casamento.

Com a grave crise política de 1821 em Portugal, representada pela Revolução Liberal do Porto, em 22 de fevereiro deste ano D. Pedro, representando seu pai D. João VI, jura a Constituição tal qual as Cortes em Portugal a fariam. Mais tarde o próprio Rei juraria a Constituição, recebendo salvas e aclamações. No entanto, por pressão do Parlamento, a Família Real teve que voltar a Lisboa em 26 de abril de 1821, ficando D. Pedro como Príncipe Regente do Brasil.

Diante de decisões das Cortes exigindo o retorno de D. Pedro a Portugal, bem como a volta do Brasil à condição de Colônia, súditos brasileiros realizaram abaixo-assinado com oito mil assinaturas, solicitando a permanência do Príncipe no país. No dia 9 de janeiro de 1822 D. Pedro cedeu às pressões e decidiu permanecer no Brasil, até nova posição lusa.

Em retaliação o governo português suspendeu seus rendimentos e alguns meses mais tarde, durante viagem à Província de São Paulo, D. Pedro recebeu comunicado da esposa D. Leopoldina e de José Bonifácio de Andrada e Silva de que Portugal o havia rebaixado da condição de Regente a mero delegado das Cortes de Lisboa, recomendando atitude imediata. D. Pedro, energicamente, ali mesmo onde recebera as cartas, às 16h30 do dia 7 de setembro de 1822, junto ao Riacho do Ipiranga, rompeu definitivamente os laços do Brasil com Portugal, bradando “Independência ou morte!”

Em 12 de outubro de 1822, no Campo de Santana, Rio de Janeiro, o Príncipe Regente do Brasil D. Pedro foi aclamado por uma multidão incalculável como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil. Em 1º de dezembro foi sagrado e coroado Imperador na Capela Imperial, sob grande celebração popular.

Em 25 de março de 1824 promulgou a Constituição Política do Império do Brasil, a mais duradoura magna-carta brasileira, garantindo liberdades civis e as fundações políticas da Nação, com a separação de Poderes e a criação do Poder Moderador. Em 1826 o Imperador, seguindo preceitos constitucionais, instalou a Câmara dos Deputados, o Senado Imperial e regulamentou o procedimento eleitoral. No mesmo ano assumiu temporariamente, com o falecimento de seu pai, o título de Rei de Portugal e Algarves, como D. Pedro IV, renunciando em nome de sua primogênita, a Princesa D. Maria da Glória, que assumiu o trono como a Rainha D. Maria II.

No dia 11 de dezembro de 1826 falece, no Palácio de São Cristóvão, a Imperatriz Leopoldina. Seu corpo, revestido do manto imperial, foi sepultado primeiramente no Convento da Ajuda, no Rio de Janeiro, depois transladado para Mausoléu da Família Imperial no Convento de Santo Antônio, também no Rio. Em 1954 os restos mortais da Imperatriz foi definitivamente depositado na Capela Imperial do Mausoléu do Ipiranga, em São Paulo.

Em 1828 tem fim a Guerra Cisplatina, contra a Argentina, dando origem ao Uruguai. No ano seguinte, em 16 de outubro, D. Pedro I casa-se com a Duquesa de Leuchtenberg, D. Amélie Auguste Eugénie Napoléone de Beauharnais, filha do Príncipe Eugène de Beauharnais, enteado de Napoleão I, e da Princesa Augusta da Baviera. Desta união nasceu a Princesa D. Maria Amélia, também conhecida como “Princesa Flor”.

Devido a desgastes causados pela guerra, pela sua intensa vida pessoal, por latentes rixas entre portugueses e brasileiros que minavam seu prestígio político e pela dissolução do Gabinete Ministerial, D. Pedro I, visando assegurar a continuidade do Império, abdicou do Trono em 7 de abril de 1831 em favor de seu filho D. Pedro II, com apenas cinco anos de idade.

Em busca de apoio militar e financeiro para depor seu irmão D. Miguel I que usurpara o Trono português, o ex-Imperador do Brasil, agora Duque de Bragança, parte para a Europa. Desembarcou primeiramente na França, em Cherbourg, em 10 de julho de 1831. Em Paris foi convidado para banquetes por seu primo o Rei D. Luís Felipe I, recebeu visitas de parentes e encontrou-se com admiradores. Também buscou apoio em Londres, devido ao novo gabinete formado por liberais, e conseguiu empréstimo do tesouro britânico. Partiu para os Açores em 25 de janeiro de 1832, reunindo exército de 7.500 homens, dez vezes inferior ao de seu irmão.

Pedro, em seus últimos anos, lutou bravamente contra os 80 mil soldados absolutistas leais a D. Miguel, vencendo-os em julho de 1834. Vitorioso, exilou o irmão e foi declarado Regente doReino pelas Cortes em agosto. No mês seguinte, entretanto, caiu doente, vítima de tuberculose.

O Duque de Bragança, ex-Imperador do Brasil, ex-Rei de Portugal e Regente do Reino de Portugal em nome de sua filha D. Maria II faleceu no Palácio de Queluz, no quarto D. Quixote, o mesmo em que nascera, às 14h30 do dia 24 de setembro de 1834, amparado pela esposa D. Amélia, pelas filhas D. Maria II e D. Maria Amélia, e por fiéis amigos. Foi enterrado no Panteão dos Bragança, em Lisboa, mas seu coração, por decisão pessoal, ficou conservado na Igreja da Lapa, no Porto.

No Sesquicentenário da Independência do Brasil, em 1972, o corpo de D. Pedro I foi transladado de Portugal para a Capela Imperial no Monumento do Ipiranga, em São Paulo, onde repousa ao lado de suas esposas D. Maria Leopoldina de Áustria e de D. Amélia de Leuchtenberg.